quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

23 de Dezembro de 2010

Os sonhos fazem as pessoas avançarem na vida, desde carreiras até á liberdade. Os sonhos fazem-nos acordar de  manhã, levantar, lavar e continuar o dia por muito que seja difícil fazem nos andar como se fosse o nosso combustível aquele que polui bastante as outras pessoas mas não nos importamos. Nestas alturas precisamos de um combustível renovável, o sofá. Existem muitos sofás por aí uns vermelhos e outros azuis e os vermelhos são os melhores, mas dentro dos melhores existem melhores e piores, no entanto nenhum deles tem almofadas o que seria bom. Tenho uma tabela na minha testa a dizer “Precisa-se de encosto” mas ninguém me quer dar a almofada para o sofá ,que, já agora, não tenho.
Para quê ter sonhos se já estão destruídos, para quê viver se não temos sofá e muito menos almofada... Não há mais nesta sala mas pode haver na outra!

Para quê levantar de manhã sabendo que a única liberdade que temos é a dormir onde não há preocupações nem compromissos. Se pelo menos tivéssemos uma fibra visível da almofada podia ser diferente e poderíamos encostar as nossas crenças e sonhos de lado e apreciar a confortabilidade que normalmente dura pouco mas seria algo por lutar o que de momento não existe.

A vida é como se tivéssemos levado uma bala e estamos no chão á espera que alguém apareça e telefone para as emergências, no entanto há pessoas mais sortudas, pessoas que foram atingidas por uma bala na perna em vez de no peito e que conseguem telefonar para as emergências e conseguem sair do asfalto molhado e frio mas quando estão a caminho do hospital desistem e quando finalmente chegam ás urgências morreram e finalmente estão livres.
Mas eu não, eu não tenho uma mas duas balas, uma no peito e outra na cabeça. No peito que atinge o meu sofá e na cabeça que atinge os sonhos. E não consigo levantar-me para pedir ajuda. Nem sei o que pedir a Deus, entregar-me no hospital ou começar tudo de novo com novos sonhos e oportunidades que nunca as vi neste asfalto.

Eu quero ser como aquele rapaz que tem tudo! Mas esse rapaz sou eu aprisionado por influências genéticas e sociais. As primeiras impressões de alguém normalmente passam mas todos ficaram nas minhas primeiras porque não avançam para as segundas ou até mesmo terceiras, algo que só uma almofada saberia.
Nunca tive nenhuma almofada mas reparei que as pessoas que têm não aproveitam ao máximo e só querem ter para mostrarem aos amigos para se sentirem bem. Mas esquecem-se que não ajudam os mendigos com balas na cabeça e balas no peito. Quem sou eu para julga-los visto que sofro demasiado e estou cego de tanto nevoeiro intenso e tóxico.
Mas pode-se, o mundo não pode mas eu posso seria uma das escolhas antes de passar para o outro lado da alma onde escolheríamos o tipo de rapaz que queríamos ser, bom ou mau, divertido ou aborrecido...
Não consigo manter-me positivo depois desta mentira de parecer feliz perante muitos e durante tanto tempo. A única coisa que me faz levantar de manhã é saber que o dia inteiro vai ser ver televisão numa poltrona com pijama, com a lareira acesa e a comer bolachas com leitinho. Mas cada vez que penso na vida desde praia a montanhas tenho um aperto enorme no coração que me petrifica durante poucos segundos da qual parecem anos.
Cada vez que penso numa almofada ou num sonho acabo despedaçado, algo que me diz para desistir desta vida e ir para outra onde posso ser ele, o rapaz que decide e tem tudo. Porque não posso ser Deus? É óbvio que ele existe mas será que “eu” existe?
Dizem-nos, a vida é difícil mas não tem de ser, pois é a nossa decisão de continuar ou de parar, sempre foi assim. A morte de um soldado é uma tragédia mas a morte de milhões é estatística, eu não quero ser estatística quero ser diferente, bom diferente mas isso é possível na outra vida onde sonhos são verdadeiros enquanto que aqui são fantasias, por isso... Sonhos? Sonhos para quê?
Mudança está a chegar ao mundo, muitos temem pela mudança e lutarão com todas as fibras do seu ser mas ás vezes mudança é do que precisam mais, ás vezes mudança é o que os liberta, no entanto não quero ser livre, o que eu quero não é importante nem nunca será.
O tempo cura todas as feridas apesar de deixarem cicatrizes. Essas cicatrizes são só cores no quadro que é minha vida onde a minha tristeza é vista de longe nas linhas da minha cara e nos buracos do meu coração.

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